sábado, 12 de setembro de 2009

Capitulo 1- Não era apenas uma janela...

O céu estava azul, para nós que vivemos na cidade isso é raro, é raro ver um céu limpo e azul, estamos mais acostumados com o azul-poluição, mais é claro que Sara não se encaixa nessa colocação. Ela estava mais do que acostumada com um simples céu azul, isso é mais do que comum pra quem mora no campo, e ela morava desde que nasceu. Morava num grande vilarejo, onde se tinha tudo, casas, escola, hospital, igreja. Era como se fosse um mundo dentro de um mundo. Isso pode soar estranho, mais é a verdade, Sara tinha 15 anos e por 15 anos nunca saiu daquele vilarejo. E se saísse, com certeza acharia que estava em outro mundo. E o que ela não sabia é que logo estaria mesmo.

Ela morava com a mãe e a irmã, a irmã é mais velha que ela, Lilian tinha 20 anos, enquanto a mãe, Violeta, já passara os 35 e logo chegaria aos 40. Sara não lembra muito do pai. Ele deixou a mãe quando Sara ainda era um bebe, e há 5 anos ela recebera a noticia de que ele havia morrido, e ela nem chegou a conhece-lo.

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Era mais uma tarde comum, Violeta estava trabalhando, ela era professora, Lilian também trabalhava, era medica. Já Sara ficava em casa, lendo, fazendo o dever ou na casa de uma amiga. Naquela tarde porem ela ficou na janela, observando o céu azul. Sara se considerava muito observadora, porem não percebeu quando uma gata parou bem na sua frente de repente. A gata olhava para ela, ela era branca e com olhos azuis como o céu, parecia uma miragem, Sara a tocou e descobriu que não era. A gata era mansa, e como Sara ficava muito sozinha, ela resolveu ficar com a gata.

Uma semana se passou e Sara tinha a leve impressão de que a gata queria testa-la, como se quisesse ter certeza de que ela era uma boa dona. Ela ficava em lugares muito altos e bem na ponta, miava como se precisasse de ajuda e olhava fixamente pra Sara, como se quisesse que a ajuda viesse exclusivamente dela. E Sara sempre ia ajuda-la, ela se preocupava muito com gata, principalmente quando ela sumia do nada. Ficava horas desaparecida e depois aparecia bem na frente dela como se tivesse entrado por uma passagem no vento. Uma tarde porem a gata sumiu e não voltou, nem horas depois, nem dias depois, já ia fazer uma semana e nada. O mais estranho era que Sara havia trancado a gata no quarto antes de ir á escola, tinha medo que ela sumisse novamente, e inesperadamente foi isso que aconteceu, quando Sara chegou da escola a gata havia sumido, e a janela e a porta do quarto permaneciam fechadas, como ela conseguiu sair? Isso não importava agora por que ela estava mais preocupada em achar a gata, porem depois de quase uma semana ela estava começando a perder as esperanças. Começando a achar que a gata tinha ficado com medo em ficar trancada no quarto e por isso não iria volta, não iria querer correr o risco de ser presa novamente. Sara dormiu triste naquela noite.
Quando acordou seu braço doía um pouco, ela levou um susto: havia um aranhão nele, a marca de três garras que cortavam sua pele delicadamente, como se quisessem fazer um desenho, e lá estava a artista: a gata branca se encontrava na ponta da janela, e olhava fixamente para Sara. A menina se levantou, e se aproximou da gata, quando estava prestes a toca-la a gata pulou. Mas quando Sara olhou pela janela a gata não estava mais lá, instintivamente a menina também pulou. De algum modo ela sabia que não estava no seu quintal, onde deveria estar, ela estava em outro lugar , um lugar onde não tinha céu azul, grama, casinha, era um lugar totalmente diferente, e pela rapidez dos acontecimentos Sara só conseguia processar tudo lentamente, por isso parou de examinar o local, e olhou para a gata branca, um gato preto e um menino. O menino tinha sua idade, e seus olhos eram verdes, exactamente iguais aos do gato preto, o menino a puxava pelo braço e falava pra ela correr, ela correu. Correu por meia hora e não fazia ideia de onde estava ou pra onde estava indo. Ele parou, Sara parou. "Agora estamos a salvo" ele disse, seja o que for que isso significasse ela estava cansada e ficou contente em parar. Ela tinha milhões de perguntas em sua cabeça, mas antes mesmo de fazê-las o menino falou novamente:
-Vamos passar a noite aqui, aqui estamos a salvo, por enquanto. Agora durma, amanhã te explico tudo. Depois disso ele se virou e deitou no chão, eles estavam em uma floresta, e era noite, se Sara fosse uma criança não dormiria por medo; se fosse adulta não dormiria até conseguir respostas, mas ela era uma adolescente e como estava cansada ela dormiu. "Antes de pular a janela era manhã, agora é noite, é lógico que estou sonhando." pensou Sara, e adormeceu.

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