terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Capitulo 11- O segredo sobre Sara

Amanheceu. Sara viu o sol se por, não conseguira dormir. Ela agora observava o vilarejo. Ele não era um vilarejo comum. As casas eram modestas e sem cor, não tinha asfalto, nem grama, era terra. Todas as casas eram feitas de madeira, que também não parecia ser madeira comum, ela não era reta, era levemente arredondado pra fora, o que dava a casa uma aparência achatada, era mais espaçosa do que aparentava. Oposta à cor do vilarejo as casas tinham no seu interior cores vivas e fortes. Todos os móveis eram também de madeira e (se você fosse observador) tinham pequenos detalhes pintados de preto, com linhas fininhas. Já era o quarto dia que estava lá, adorou dormir novamente numa cama confortável e quente. Todos eram gentis, e faziam amizade facilmente, Rebeca com seu jeito extrovertido fizera muitas amizades. Dan saíra da cama, estava andando com uma muleta, feita (de madeira) especialmente para ele por um marceneiro amigo de Rebeca. Sara ao vê-lo pensou no que ele prometera na noite anterior, mas decidiu que era ele que devia voltar ao assunto.
Igual a Rebeca, Censis se sentia muito a vontade no vilarejo, de modo que dificilmente ficava quieta em um único lugar, estava sempre na casa de algum vizinho, este que sempre dava algum doce pela visita. Já Will não saia do quarto de Dan, sentia dor como Dan, mas ao contrario deste não conseguia fingir que não sentia nada.

O almoço foi silencioso. Depois de todos acabarem Sara tirou a mesa, sendo a ultima a sair da cozinha. Foi à procura de Suz, já fazia tempo que ela não à via e estava ficando preocupada. Ao contornar a casa em que era hospede Sara viu uma espécie de jardim, com grama, algumas árvores e muitas flores. O jardim era enorme e ficava atrás de, ao todo, quatro casas. Sara ouviu vozes e se aproximou, não era Suz e sim Dan e Rebeca. Eles conversavam perto de uma arvore, Sara se virou e saiu, não queria que pensassem que ela queria ficar ouvindo-os. Ela caminhava devagar olhando em volta a procura de Suz. De repente Rebeca passou correndo, não parecia estar bem, Sara a seguiu, agora corria também.
Foram para o quarto que era de ambas Rebeca estava sentada na cama, de costas para Sara, parecia estar chorando, evidentemente estava triste. Por se tratar de Rebeca, Sara não precisou perguntar nada, sabia que ela ia dizer o acontecera, e ela disse.

- Dan não quer que eu vá com vocês. Ele disse que vai partir em breve e que eu devo ficar aqui, disse que vai ser perigoso e que não há ninguém atrás de mim por isso não tenho motivo de ficar com vocês e correr perigo.

Sara não sabia o que dizer pelo menos nada que confortasse Rebeca, pois ela concordava com Dan. Eles achavam que tinham despistado os lobos quando Rebeca apareceu, não tinham como negar que ela se juntasse a eles, pois ela não encontraria outras pessoas tão cedo, eles até então não tinham achado. Depois de Sara ter sido sequestrada mesmo sabendo que corriam perigo não podiam deixa-la novamente sozinha na floresta. Agora era diferente, no vilarejo ela ficaria bem e falava com praticamente todo mundo. Ela, porém não gostou da idéia. Sara por fim achou as palavras certas:

- Ele está preocupado com você, não quer vê-la correndo perigo. Rebeca nem se mexeu, depois de um tempo ela disse: " Eu gosto dele Sara, antes não tinha certeza mas agora tenho."

Sara pouco sabia sobre amor, nunca sentira nenhum interesse por menino algum de onde morava, talvez por que ela os conhecia desde quando usavam fraudas. Ela ficou um pouco surpresa ao ouvir a revelação de Rebeca, e algo dentro dela não gostou daquela noticia, mas Sara dava pouca importância para sentimentos não definidos, então decidiu esquecer essa “coisa dentro dela”.

Era hora do jantar, Dan chegou atrasado, provavelmente de propósito, pois depois que todos se retiraram ficou só ele e Sara que novamente tirava a mesa, ele se serviu e depois com uma mão segurando o prato e a outra a muleta ele chamou Sara para ir com ele comer lá fora.
Atrás da cozinha ficava a área de serviço e esta não tinha porta nem janela, só tinha um espaço retangular onde caberia uma porta, depois algo que grossamente chamaríamos de sacada, pois não tinha uma grade nem nada em volta, era só um grande e largo chão de madeira sustentado por um tronco de arvore que ficava em baixo do piso, no meio dele. O lugar não era muito convidativo, Sara seguiu Dan movida pela curiosidade. Eles se sentaram na beirada do piso de madeira, de modo que ficaram com as pernas suspensas, como crianças sentadas numa cadeira alta. Sara ficou olhando em volta, havia muitas arvores e alguns galhos chegavam perto deles, Dan nem tocou no prato, logo começou a falar:

- Rebeca falou com você não foi?

- É ela falou...

- Acha que fiz mal? Não queria chateá-la.

- Não. Fez a coisa certa, não podemos colocá-la em perigo por nossa causa.

Houve um momento de silencio, Dan respirou fundo e disse:

-Está na hora de saber o seu segredo Sara. Quase tudo que eu disse pra você até agora foi mentira. O fato de todos os felinos saberem onde o Leão está, os lobos estarem atrás do Leão, nós nos juntarmos aos outros felinos, é tudo mentira. Não há ninguém atrás do Leão e todos sabem onde ele está ele já encontrou o seu humano há muito tempo e ambos reinam no Palácio do Sol de Lyra, que é onde estão agora. Os lobos estão atrás de você. Lucius e seu humano querem se tornar reis, mas isso não é possível, pois o direito ao trono é hereditário, o que se sabe é que eles pretendem usar você para conseguir isso, mas ninguém sabe como ainda. Dan falava rápido, Sara estava perplexa, Dan olhou bem nos olhos dela e concluiu: Sara você é filha do humano do Leão, você é a Princesa de Anican.

- O que?! Não posso ser. Meu pai morreu há muitos anos.

- Você viu o corpo? Disse Suz que acabara de aparecer. Ela estava com as orelhas e a cauda baixas, estava claro o motido pelo qual era sumira o dia todo, ficou receosa, não queria que Sara ficasse chateada com ela depois de saber a verdade.

- Não eu não vi, mais...

- Sara, acredite, ele é seu pai. Eu posso sentir que é ele não abandonou você, ele veio pra cá.

- E onde você se encaixa nisso tudo Dan?

- Bem,... Como sabe eu procuro meu irmão, e... O lugar mais seguro pra você é no Palácio do Sol de Lyra onde se encontram os reis, e eles podem me dizer onde meu irmão está.

Era muita informação de uma só vez, Sara arquivava todas aos poucos, até perceber algo: “Espera! Você quer me levar ao palácio para como uma gratificação por trazer a princesinha sã e salva eles te contarem onde está seu irmão, é por isso que você não me deixou voltar pra casa, fez aquela emboscada na caverna, me obrigou a ficar longe da minha familia só pra você ter uma chance de encontrar a sua.” Sua voz era áspera, sarcástica e raivosa, não combinava com Sara. Esta, porém estava com muita raiva de Dan e saiu da "sacada" seguida por Suz.
Dan se viu sozinho, com o prato intocado, estava sem fome. Deixou o prato lá e se levantou para sair, recuou, perto de onde estava tinha um galho com uma coruja em cima dele. Era um anican, praticamente da mesma cor dos galhos, Dan só a notou, pois agora estava com os olhos abertos, ela voou, Dan saiu.
Sara estava a caminho de seu quarto quando se viu barrada por uma multidão. Ao que parecia todas as pessoas do vilarejo, juntamente com seus anicans, estavam fora de suas casas barrando a passagem. Na frente de todos estava um senhor já idoso, com olhos enormes parecidos com olhos de coruja observando atentamente Sara e Suz. Dan chegou, estava tentando correr, mas não conseguia, Sara o ouviu dizer: “Um anican nos ouviu!", mas já era tarde, uma coruja pousou no ombro do senhor idoso, e ele disse com voz que mais parecia uma ordem:

- Os três terão que partir até o amanhecer. - Rebeca agora se juntara a eles-Esta (disse apontando Sara) é a Princesa de Anican! Deve partir agora, pois se ficar atrairá consigo todos aqueles que a procuram. Neste vilarejo tem crianças, mulheres e idosos. É muito improvável que qualquer um presente aqui queira uma guerra contra os lobos, colocando todo o resto de nós em grave perigo. Porém vocês dois (Dan e Rebeca) não precisam ir com ela, deixem-na partir sozinha e levar consigo toda a desgraça que carrega.

Dan deu sua muleta para Rebeca e caminhou três passos doloridos e firmes até o "senhor - coruja" e disse determinado:

- Se a Princesa corre perigo é por minha causa. Ninguém sabia onde ela estava até eu entrega-la aos lobos na caverna. Eu fui egoísta e errei. Mas fiz a coisa errada achando que fazia a certa. Agora a segurança dela é minha responsabilidade, eu vou com ela mesmo que só ela chegue viva ao Palácio do Sol de Lyra.

Um comentário:

  1. Ah é muito chato pegar historia no meio. Ja estou seguindo para passar aqui e ler do começo assim que eu tiver um tempinho (3º ano me sufocando). Prometo!

    Seu blog é lindo!

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