quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Capitulo 10- Um pouco mais sobre Dan

O céu estava cinza, e o clima estava tenso, Dan segurava a mão de Sara que estava ao seu lado, enquanto Rebeca estava no outro. Censis permanecia dentro da mochila, mas continuava atento, assim como os dois anicans gatos que estavam esperando o menor movimento.

Atrás deles estava uma enorme cachoeira, forrada de pedras, ninguém estava realmente pensando em pular, mas não parecia haver outra opção. Na frente deles estavam vários homens, todos com olhares sombrios, era como estar na presença dos lobos. Na frente de todos estava o humano de Lucius, do qual ninguém sabia dizer o nome mais todos sabiam que era ele, ele se comportava como o líder da alcatéia, seu cabelo era acinzentado, seus olhos não tinham cor, seu rosto era pálido.

Todos estavam esperando algum sinal de movimento, nada, mesmo tendo sido alguns minutos pareceu toda a eternidade, até que Dan falou: “Qual é o anican dele?”
O líder hesitou ao responder. Dan olhava fixamente para seus olhos, prestando atenção, tentando perceber se ele estava blefando. Ele respondeu, e ao fazê-lo parecia firme e decidido, disse com certeza e clareza, surpreendendo Dan: “É um cachorro. Do tipo farejador, selvagem.” Os olhos de Dan continuaram observando o líder, esperando captar algum sinal. Segundos depois da resposta o líder deu um sorriso sutil, só de um lado da boca. Então Dan também sorriu agora ele sabia o que fazer.

Ele olhou para Sara e depois para Rebeca, ficou indefinido qual seria sua ação seguinte, pois esse breve movimento despertou a alcatéia humana que até agora só espera por aquilo. Todos correram para eles, com seus olhos cheios de fúria, Dan, as meninas e os anicans se viraram para a cachoeira, hesitaram, não queriam pular. A alcatéia humana se aproximava, Dan ouviu Sara gritar, o líder a tinha pego. Dan foi ao seu encontro, mas vários homens grandes e fortes o impediam se aproximar de Sara, ela tentava se soltar mais era em vão, o líder era mais forte. Dan olhou para trás, Rebeca também lutava, estava na borda da cachoeira e continuava a andar para trás, recuando, fugindo. Will e Suz não estavam sendo perseguidos, eram muito pequenos e ninguém os havia notado, os dois foram ao encontro de Sara, aranharam o líder e Sara ao perceber começou a chutá-lo, ao colocar os dedos em seus olhos ele a soltou e ela correu de imediato. Dan ao ver que Sara estava livre se voltou para Rebeca, mas era tarde. Ela estava na beirada, até que ao tentar se defender perdeu o equilíbrio, Dan sentiu Censis tremer dentro da mochila, Dan se aproximou da beirada, ele ouviu um “Cuidado!” vindo de Sara, mas já era tarde, ele também estava caindo, Sara correu para a beirada e pulou, ela não achou que teria coragem, mais estando encurralada por mais de vinte homens com olhares furiosos despertou uma coragem que ela nunca pensara ter. Suz e Will pularam em seguida, Rebeca caiu na água, estava sendo levada pela correnteza, ela não sabia nadar, Dan caiu perto das pedras, e ao nadar na direção de Rebeca para ajudá-la acabou prendendo a mochila em uma pedra baixa e pontuda. Sara caiu na água e pegou Suz e Will, ela sabia nadar, mas não contra a correnteza segurando dois anicans gatos.

Rebeca estava se afogando, Dan estava preso e Sara não conseguia sair de onde estava para ajudá-los. Sara olhou para trás e viu mais que terra firme, viu um vilarejo, ela nadou até lá, acompanhada pela correnteza, deixou os anicans no chão e foi pedir ajuda. Não precisou andar muito para encontrá-la, vinham na sua direção dois homens com redes de pesca, acompanhados por seus anicans cachorros.

Rebeca estava quase inconsciente quando foi salva, já Dan estava desacordado. Censis ao sair da bolsa foi ao encontro de Rebeca que já se sentia melhor.

Tudo estava embaçado, Dan tentou se levantar da cama mais não conseguiu, sua perna doía, quando sua visão melhorou viu uma mulher na sua frente, com um rosto bondoso e um copo na mão. “Tome, vai fazer você se sentir melhor- disse ela, com uma voz doce- você quebrou a perna, terá que ficar na cama por um tempo, mais vai ficar bom, agora beba.” Dan bebeu, o liquido era quente. Abriu a boca mais não saiu palavra, tentou novamente:

-Quanto tempo fiquei desacordado?

-Três dias.

-Sara, Rebeca, elas estão bem?

A mulher sorriu, “Sim, estão, só saíram com alguns arranhões, nada grave, seus anicans estão bem também, elas ficaram preocupadas com você, não saiam de perto da cama, estão almoçando agora, vou avisar que acordou.” Quando ela saiu Dan reparou Will, nos pés da cama, parecia sentir dor também. Em menos de dois minutos Sara e Rebeca apareceram juntamente com Suz e Censis, elas perguntaram se Dan estava bem, e ele mentiu dizendo que estava, elas contaram que depois dos dois pescadores as ajudarem, um chamado Felipe ofereceu a casa para eles, onde ficaram desde então, a mulher com quem Dan conversara era a esposa de Felipe, a Sra. Trumman, disseram que foi muito gentiu e as emprestou roupas secas e comida. Rebeca agora estava com um vestido ainda amarelo, porém um amarelo mais claro que o outro, já Sara estava com um vestido azul, que lembrava seus olhos, Dan percebeu que estava com outra roupa também, e envergonhado, decidiu não pensar no assunto. Ambas decidiram que seria melhor deixar Dan sozinho para descansar e assim fizeram.

Dan não conseguia dormir, igualmente a Sara que foi ao seu quarto ver se ele estava bem e o encontrou acordado. Ela pensou em perguntar sobre Pedro, mas não foi necessário, Dan começou a falar como se fosse algo que ele quisesse dizer a muito tempo:

-Um dia meus pais saíram de carro e morreram na estrada, meu irmão estava com minha tia em casa, e eu na escola, quando voltei me disseram que meu irmão e minha tia estavam com eles e tinham morrido também, mas no velório não tinha os corpos deles, só os dos meus pais. Eu sabia que era mentira, eles na verdade tinham sumido e os outros preferiam me dizer que tinham morrido também, eu tinha treze anos. Meus pais me deixaram uma grande herança - Dan não olhava para Sara, não olhava para nenhum lugar em especial, como se visse na sua memória todas as cenas do que estava contando- fui colocado em um colégio interno, onde eu tinha aulas e recebia uma ótima educação (disse com sarcasmo). Não me adaptei, os professores acharam que eu não estava aceitando bem a situação e precisava de uma família, fui mandado para um orfanato, muitos casais vieram me adotar graças à herança que ficaria com eles até eu ser maior de idade. Sempre dava um jeito de expulsa-los, e continuava acreditando que meu irmão estava vivo, até que quando não sabia mais o que fazer Will apareceu me contou sobre Anican, me contou que meu irmão e minha tia tinham vindo para cá e... (Dan hesitou, parou de olhar para o vazio e olhou para Sara)... e me contou sobre você. Desde que cheguei o que quero é encontrá-los. - Sara tentou falar em vários momentos enquanto Dan narrava sua historia, mas ele nunca dava uma brecha, agora que deu ela não sabia o que dizer- Acho que já está na hora de você saber o que tem haver com isso tudo Sara, vou contar pra você amanhã, agora preciso descansar.

Sara saiu do quarto, agora estava com menos sono do que antes, queria que Dan tivesse continuado a falar, mas compreendeu que ele precisa mesmo descansar. Dan agora estava com sono, e adormeceu pensando em como contar para Sara seu próprio segredo, acabou desejando apenas que ela o perdoasse depois de saber a verdade.

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