Quando Rebeca acordou Dan já estava de pé com a mochila nas costas, parecia cansado, mas ao mesmo tempo não parecia que tinha acabado de acordar. Os quatro começaram a caminhar. "Como sabe que é esse o caminho certo?" perguntou Rebeca. "Não sei. Quem está nos guiando é Will. Ele e Suz são irmãos, de alguma forma ele sabe que esse é o caminho." O dia ia passando enquanto eles iam floresta adentro, todos seguiam Will apenas desejando estar indo para a direção certa, cada vez mais a floresta ia ficando menos densa e o chão coberto de pedras.
___________
Quando Sara acordou estava em movimento, o seqüestrador a carregava novamente sobre o ombro. No dia anterior ela até pensara em gritar, mas era quase obvio que não havia ninguém por perto para escutá-la e ao mesmo tempo ela não sabia qual seria a reação do seu serio acompanhante. Neste dia também não houve dialogo, ele carregou Sara e Suz por toda à tarde. Ambas sem poder reagir ou tentar coisa alguma.
Desde a fuga da caverna tudo acontecera muito rápido, Sara não tinha tempo para refletir ou sentir saudade. Mas agora ela estava com todo o tempo do mundo. Lembrou de sua mãe, de sua irmã, de Dan. Dan a escondia algo, ou pelo menos era o que parecia, pois tinha que haver um motivo para ele não ter a deixado ir para casa e para ela, e somente ela, ter sido seqüestrada. Aos poucos esses pensamentos foram sumindo, Sara estava dando bom dia pra sua mãe, nada mais existia, ela ia sair de seu quarto, quando acordou. A floresta tinha desaparecido, o chão estava coberto de pedras e ela estava sentada, sendo vigiada por olhos de raposa. Eles não haviam só parando para descansar, haviam chegado a algum lugar, seja qual fosse, pois foi assim que o homem com olhos de raposa se comportou, como se estivesse esperando algo ou alguém.
Sara percebeu que ele a tratava com certo respeito, não tendo vendado sua boca entre outros pequenos gestos como oferecer comida freqüentemente, mas ela achou que era só impressão, teve certeza, porém quando ele a ofereceu um livro quando eles pararam. Ela aceitou. Um livro era perfeito para distraí-la e ajudá-la a se livrar dos pensamentos que a incomodavam. A capa era antiga, cheia de detalhes e símbolos que ela desconhecia. Ele não era muito grosso, não tinha titulo, quando abriu estava na primeira pagina: "Lyra" escrito com uma letra grande e dourado.
As paginas eram um pouco amareladas, Sara achou a historia parecida com “Romeu e Julieta”, ela começou a ler, eram dois jovens que estavam apaixonados mais que tinham anicans rivais, eles queriam viver juntos pelo resto da vida e se casar, mas os anicans impediam isso, em um casamento ocorre um laço, uma união dos noivos, para isso os quatro tinham que concordar. Além das varias passagens românticas e falas poéticas o livro possuía algumas características do casamento em Anican que Sara desconhecia. Em uma noite o casal estava junto à luz do luar enquanto bem longe estavam seus anicans lutando até a morte. O perdedor foi o anican do rapaz. Neste momento a jovem chorou ao ver que seu amado morto nos seus braços e se matou, matando também seu anican que estava comemorando a vitoria. O motivo pelo qual os anicans não aceitavam o casamento é que ao fazê-lo se tem mais que um laço emocional. Em Anican acredita-se que todo humano só se apaixona uma vez, por isso ao encontrá-la fica o resto de sua vida com ela e quando um dos dois morre o outro morre no mesmo instante, na historia, porém, mesmo sem haver o casamento houve o mesmo final trágico.
Sara estava lendo o livro pela segunda vez, quando se deu conta que Lyra era a autora. Já no final, na parte que é descrita a luta mortal dos anicans rivais Sara ouviu um grito, e olhou de onde vinha o som, era Dan.
O sequestrador e seu anican estavam desmaiados, Dan apareceu por entre as poucas arvores que sobraram e o surpreendeu com um sutil golpe na cabeça. Rebeca estava logo atrás, juntamente com Will e Censis. Dan soltou Suz do saco e logo depois Sara que o abraçou Dan logo depois que ele a soltou, ambos ficaram vexados e Sara se afastou devagar. Nessa fuga Dan não parecia saber para onde ir, os seis andaram desnorteados até ficarem sem saída. Uma cachoeira. Cinco vezes mais alta que o precipício que eles pularam da ultima vez, e mesmo que conseguissem nada garantia que não caíssem nas rochas. Ao se virarem para procurar outro caminho viram que não tinham escolha, estavam cercados.
Censis pulou para dentro da mochila de Dan, a sensação era como estar rodeados por lobos, e de certa forma estavam. Estavam rodeados pelos humanos dos lobos, que tinham os mesmos olhares frios e ameaçadores. Dan olhou para Sara e Rebeca, depois para a cachoeira, por mais irracional que fosse todos pensavam na mesma coisa, pular, era o único jeito de escapar.
Eles deram costas aos humanos de olhos sombrios e se viraram para a cachoeira, Dan estava no meio e segurou à mão de Sara e Rebeca, Censis estava na mochila nas costas de Dan enquanto Suz e Will estavam alerta para pularem logo em seguida deles.
-Daniel Campbell- disse o humano de Lucius que possuía uma voz de faca igual ao seu anican- Daniel Campbell- repetiu no momento em que se preparavam para pular. Dan soltou as mãos de Sara e Rebeca e se virou para os "lobos". "Como sabe meu nome?"
-Sei muitos nomes, como por exemplo, Pedro Campbell- Dan tremeu- Eu sei onde ele esta, - continuou, - falo pra você se me entregar a Sara- Neste momento Dan segurou novamente a mão de Sara. -Pense bem Daniel, e pense rápido. - Essas palavras cortaram Dan no meio, ele sentia como se não pudesse ficar de pé, não esperava por aquilo, tinha que fazer uma escolha, e rápido.
Rebeca olhou para Sara a procura de respostas mais seu olhar só demonstrava mais perguntas, Rebeca a fez: "Quem é Pedro?"
Dan abriu a boca para dizer, mas não saiu nada dela, ele engoliu em seco pensando na decisão que tinha que tomar e pegou ar para tentar falar novamente: "É o meu irmão." respondeu Dan.
Nenhum comentário:
Postar um comentário