domingo, 31 de outubro de 2010

Capitulo 16- A caminho da árvore de folhas douradas

Rebeca e Suz estavam amarradas em um quarto de hotel. Um garoto pouco mais velho que Rebeca se dizia cavaleiro, e de certo, parecia um. Não só pelas roupas e a magnífica espada, mas também pelo ar autoritário. Quando ele começou a interrogá-las querendo informações sobre o paradeiro da princesa Suz entrou em desespero, achando que Rebeca o contaria tudo com direito a detalhes, mas se surpreendeu ao ver que Rebeca também não confiava nele.
-Escute, pois estou sendo muito compreensivo, eu estou em uma missão e por mais que não demonstre confiança alguma em mim, estou aqui para ajudar. Infelizmente confiança é algo que se conquista, mas em contrapartida colaboração não é. Como cavaleiro da corte real, posso emitir uma ordem de prisão para qualquer um que não colaborar. Então, você não tem escolha senão me dizer onde encontra-la.
-Está bem. Eu lhe digo onde encontra-la, desde que me leve junto.
Suz simplesmente não sentia suas patas, Rebeca até então não parecia acreditar em uma palavra que ele dizia e agora iria ajudá-lo, Suz jurou para si mesma que nunca perdoaria Rebeca por isso. O cavaleiro agora sorria.
-Rebeca, como pode? Sara e Dan nunca vão perdoá-la. Suz estava indignada, aranhava a gaiola e tentava se soltar. O cavaleiro tirou Suz do quarto e a colocou no banheiro onde ficou sendo vigiada por seu anican raposa. O cavaleiro olhou Rebeca, preocupado que aquilo pudesse tê-la feito mudar de idéia, mas não, ela abriu a boca e começou a falar.


 Will e Censis esperaram o amanhecer para ter certeza de que eram só eles e os cavalos.
-Eles não voltaram, deve ter acontecido algo, mas não podemos ficar aqui esperando pra sempre, disse Will.
-Então o que vamos fazer?
-Continuar com o plano. Vamos até o primeiro monumento e esperar por eles lá.
Por mais que parecesse fácil, chegar lá era muito difícil para dois anicans sozinhos, pois eram confundidos com animais normais.
-Oi gatinho! Quer um pouco de leite? Perguntou um menino com uma tigela na mão.
-Na verdade prefiro uma informação, como chego a arvore de folhas douradas?
-Me desculpe, não percebi que era um anican. Bem, a arvore não fica muito longe daqui, mas ela passa por um vilarejo de nicos (pessoas sem anican), tem um garoto que mora lá, por algumas moedas pode te levar até a arvore, posso chamá-lo se quiser.
-Seria ótimo, mas não temos moedas. Ele aceitaria três cavalos?
-Com certeza.


-Não diga nada Suz. Exclamou Rebeca. Deixe-me explicar.
Suz e Rebeca estavam sozinhas no quarto agora, o cavaleiro e o anican raposa tinham descido buscar toalhas para o banho de Rebeca.
-Que banho? Disse Suz.
-O banho que ele acha que eu vou tomar antes da gente partir. Eu disse pra eles que Sara estava na cachoeira Moa. Eu nunca trairia vocês.
Suz sorriu. Recordava-se agora de quando estavam na feira e Rebeca perguntou sobre um colar com uma pedra azul, Suz respondeu que era uma pedra da cachoeira Moa, a maior cachoeira de Anican. Rebeca tirava um grampo do cabelo e soltava Suz.
-E ele acreditou?
-Eu acho que sim. -Disse Rebeca colocando o arco e flecha nas costas. – Mas uma vez Dimitri me disse: Nunca confie em alguém com anican raposa.
Rebeca abriu a janela, dava pra pular e subir no telhado vizinho. Elas subiram, e começaram a andar fazendo o maior silencio possível. “Conseguimos fugir, mas agora não sei como vamos fazer pra descer daqui” disse Rebeca. “Suz?” ela não estava lá.
-Conseguiram mesmo fugir? Disse o cavaleiro que estava atrás de Rebeca, ela se virou e viu Suz sendo segurada pelos dentes da raposa.
-Solta ela.
-Devia ter mentido melhor. A cachoeira Moa fica muito longe daqui, e só as sereias conseguem chegar lá. Deixei vocês sozinhas no quarto por que precisava saber se podia confiar em você. Já tenho minha resposta.
O cavaleiro dava um passo pra frente enquanto Rebeca dava um passo para trás, ela não sabia o que dizer e estava começando a ficar com medo dele, seus olhos azuis acinzentados a fitavam e a faziam congelar por dentro. “Pare” disse ele, mas disse tarde. Rebeca dera outro passo para trás sem perceber que era a beirada do telhado, ela escorregou, mas conseguiu se segurar na beirada. O cavaleiro se abaixou e Rebeca esperou pelo pior, que não veio. “Segure minha mão” e ele a puxou de volta.
-Por que fez isso? Disse Rebeca pálida.
-Não faço idéia só, por favor, não faça eu me arrepender.                                                                    

Sara e Dan estavam perdidos, quanto mais tentavam voltar mais perdidos ficavam. Pararam um pouco e comeram algo com o dinheiro que Dimitri os dera. Na frente deles um senhor já velho tentava carregar um caixote de madeira que devia ser pesado demais para ele que demonstrava grande esforço em carregá-lo. Dan que já tinha acabado de comer foi ajudá-lo. Além daquele caixote ele ajudou a carregar mais cinco até uma carroça.
-Muito obrigado, meu jovem.
-Não foi nada.
Ao seu lado apareceu seu anican: uma tartaruga. O senhor parecia muito grato e disposto a recompensar Dan de alguma forma.
-Bem, eu gostaria de uma informação, como faço pra voltar para o cais?
-Vem comigo, pois é exatamente para onde estou indo.
Dan e Sara foram com ele, ao chegarem não encontraram Will nem Censis.
-O que fazemos agora? Perguntou Sara.
-Eu conheço o Will. Ele sempre segue os planos, eles foram para o primeiro monumento nos esperar lá. Senhor? Por favor, pode me dar outra informação: como chego a arvore de folhas douradas?
-Por terra eu não faço idéia, mas pelo mar tem um navio que passa por lá, ele já partiu, mas vai fazer uma parada no porto do vinho antes, vocês podem vir comigo no meu navio de cargas, eu vou parar nesse porto para deixar algumas mercadorias, e então vocês podem pegar o outro navio.
Dan sabia que se Will estivesse lá diria que ele estava cada vez mais se afastando do objetivo, entretanto Dan aceitou o convite, pois além de não saber como chegar a pé na arvore, achava o mar mais seguro.   


Eles voltaram para o quarto. Rebeca estava aos poucos voltando a sua cor normal.
-Não sabemos onde Sara está, disse Suz, mas sabemos para onde vai. Nosso ponto de encontro é uma arvore com folhas de ouro.
-Suz!
-Ele salvou sua vida Rebeca, ganhou um pouco da minha confiança, e também não sabemos como chegar a arvore.
O cavaleiro sorriu:
-Bem, não é longe á cavalo, mas no caminho tem um vilarejo de nicos.
-Nicos?
-Pessoas normais, sem anicans, não é lugar de um cavaleiro passar. O melhor jeito de chegar é pelo mar. E só tem um navio que passa por lá, o navio dos noivos.
-Navio dos noivos?
-Sim, em Anican acredita-se que só se apaixona uma vez, então dá pra imaginar quantos casamentos se tem. Essa arvore é o segundo ponto turístico do navio. E na verdade é perfeito, pois vamos passar despercebidos.
-Então vou ser sua noiva? Disse Rebeca sem gostar da idéia.
-Sim, você vai, e vamos ter que fingir que Suz é sua anican, senão além de chamar a atenção vai trazer muitas perguntas. A propósito, meu nome é Erick, e meu anican se chama Enzo.
-Sou Rebeca.
-Prazer em conhecê-la, cara noiva.

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